quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Da neuraeducação 1: moda

Neuroeducação tem sido ao meu ver uma roupagem nova em assunto velho, e muitas vezes, vejo sendo tratada como uma maneira de vender milagre, e eu não gosto.

O assunto é velho porque me parece que para além de educar um ser humano provido de sua cultura, inserido num contexto social, ele também sempre foi portador de um cérebro com o qual interagimos. Sempre esteve lá e educar sempre foi modificá-lo e sofrer a resposta dele. O que me parece faltar é conhecimento sobre este cérebro para intervir aproveitando as melhores janelas para educar. E talvez nem falte conhecimento de fato, mas, a divulgação e formação adequada usufruindo dele.

E muita gente já falou sobre isso de perspectivas metodológicas diferentes, Piaget foi um deles.

Me lembro de ser execrada ao relembrar as fases piagentianas como sendo interessantes pra pensar num estudo. Uma professora da Pedagogia olhou pra mim como se eu estivesse usando uma calça boca de sino na década de 80. Só vou lembrar que elas voltaram com tudo na década de 90. Por isso, odeio modismos, num dia é lindo, no outro é horrível e no seguinte é vintage/ über cool. 




Pois bem, fui rebatida com alguma corrente educacional da moda, dizendo algo do tipo: Piaget está ultrapassado, esquece! Daí entendi melhor os modismos educacionais. Não se trata de usar o que há de melhor de cada autor em prol da compreensão do fenômeno, se trata de colocar a roupa mais na moda, o que está in! E por isso não penso em neuroeducação como a última moda de Paris, penso nela como mais um fator de contribuição. 

As neurociências vão avançando, trazendo conhecimento científico novo, que TALVEZ possa contribuir em alguma medida para melhorar uma coisa mais complexa que é educar. Nem tudo pode e se houver algo que possa, que bom!

Não se trata de levar estudos científicos diretamente para a sala de aula. Isso é um erro grosseiro na minha opinião, não basta transportar a coisa, no vídeo que publiquei aqui do Sidarta Ribeiro é possível ver preocupação de fazer um estudo que reproduza de maneira natural o que se encontra em sala de aula. Ou seja, não dá simplesmente pra dizer: o cérebro funciona assim e isso vale no contexto da educação, é uma questão metodológica importante.

Tomados os devidos cuidados de transporte de conhecimento, de metodologia, deve ser super salutar otimizar estratégias de ensino com base em conhecimentos derivados das subáreas das neurociências. Assim como, é salutar usar o melhor das políticas públicas para gerir e direcionar recursos de maneira responsável.

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