Olhar para o cérebro por meio de um livro do querido Oliver Sacks é ver além de células, giros, hemisférios e pacientes neurológicos, é ver a beleza de um maquinário desconhecido, de pessoas em suas vidas interessantes apesar das (quase sempre) incômodas doenças. Recomendo a leitura como diversão e como introdução a questões cognitivas interessantíssimas. Fui à livraria Martins Fontes (aqui em SP) e tive o prazer de ver que a Companhia das Letras relançou vários livros.
Infelizmente, Sacks morreu há pouco de um câncer que já dava sinais anteriores e que ele havia conseguido combater inicialmente, até se encontrarem novamente na curva da vida. Não reclamou publicamente pelo que acompanhei, ao contrário, mostrou a serenidade de seus inacreditáveis 82 anos, a sabedoria que sempre admirei em quem gosta da vida. Ela é finita, posto isso, viva-a bem! Lembrou meu pai.
Enfim, não posso falar muito do Sacks porque sou super fã e tendenciosa sempre, afinal ele tinha aquele sorriso cativante. Agora estou lendo seu livro autobiográfico "Oliver Sacks: sempre em movimento", apesar de que "Tio Tungstênio" (que não li), "Com uma perna só" e "Diário de Oaxaca" são assim também, mas, este último tem uma levada diferente. A escrita é atemporal, não linear e dá uns belos cruzados de direita, estou amando. Não gosto de todos os livros não! Tenho especial antipatia por "Enxaqueca" ao qual chamo carinhosamente de livro enxaqueca.
Mas, recomendo muitos outros. Tenho uma predileção por "Com uma perna só", já presenteei futuros alunos médicos com ele. Pra mim é emblemático, o livro do médico no papel do paciente, uma boa reflexão, além é claro, de oferecer mais um caso neurológico bizarro. Adoro o "Homem que confundiu a mulher com um chapéu", só o título já diz a que vem, o "Vendo vozes" e "Um antropólogo em Marte".
Sacks não era assim um cara acadêmico (agora estou confirmando com o livro). Fico com a impressão de que de fato ele tinha problemas com o meio acadêmico, apesar de ter Oxford no currículo. Mas, hoje, me pergunto, quem é que não tem? Afe, é cada novelinha mexicana...
Pelo que sei, foi bom médico e ótimo divulgador de ciência. Já valeu pela grande humanidade com que tratava seus pacientes, se isso não fizer um médico bom, apenas conhecimento não fará e tenho dito. Gosto de entrar em consultório no qual sou tratada com eficiência e conhecimento, mas, sobretudo pelo nome, com um sorriso e com direito a historinhas. Deixo, portanto, a antipatia eficiente, higiênica e precisa para os cirurgiões que eu terei o prazer de não conhecer quando estiver anestesiada, que esteja em boas mãos, essas não precisam contar historinhas.
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