quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Sono, consolidação, privação e uma boa dose de consciência social



Prometi na outra postagem que colocaria aqui alguns vídeos do simpósio no Rio, todos eles estão disponíveis publicamente, ligados ao Instituto Ayrton Senna, pelo canal do youtube. E mais, em se tratando de simpósio internacional, os palestrantes proferiram suas palestras em inglês, portanto, temos a versão brasuca e em inglês de cada uma delas. 

Uma palestra triboa na minha opinião, é a do prof. Sidarta Ribeiro. De quem sempre ouço falar muito bem e apesar de não conhecê-lo pessoalmente, tenho boa impressão, tanto pelo lattes (o facebook fofoqueiro dos nerds) como pelo que vejo efetivamente.

A palestra aborda, na minha opinião, alguns pontos importantes:
1) Educação é um todo complexo e multifacetado como todos sabemos, questões biológicas relacionadas ao mínimo fisiológico, como comer e dormir adequadamente, deveriam ser uma garantia para todos e são essenciais para desenvolver aprendizagem. Portanto, pobreza não combina com aprendizagem.
2) Condições mínimas para ensinar devem ser garantidas, como um salário digno para o professor, é o óbvio, mas, precisa sempre ser dito;
3) Parece que um suporte de atividades físicas adequado é importante para a aprendizagem, pelo menos nos ratos;
4) O direcionamento e a motivação sobre o que será avaliado parece também ter um papel relevante sobre o que será fixado;
5) Sono melhora consolidação de memória e ajuda na aprendizagem, neste contexto um simples cochilo parece apontar para um papel relevante na consoliação, mas, que ainda requer estudo.


Os pontos 4 e 5 parecem meio conhecidos, e muitas vezes nos faz pensar: qual a novidade nisso? Afinal, sabemos tacitamente que uma noite bem dormida é essencial pra uma prova pela manhã, por exemplo. A diferença está em conduzir um estudo científico e reprodutível, de acordo com o método que a ciência se propõe a seguir (mesmo que muitas vezes ele seja passível de crítica). Do contrário, do ponto de vista da ciência, não passa de falácia.

Mesmo que contemos com uma multiplicidade de fatores, de covariáveis, que talvez nunca venhamos a controlar, quando nos propomos a levar o conhecimento da ciência para o corpo da educação, temos de abraçar o desafio de propor desenhos de estudo adequados, factíveis e reprodutíveis. Me parece que o Sidarta tem visão suficientemente profunda para entender que apesar das limitações de suas inferências, as quais ele sempre deixa claras, há algo ali que parece bem promissor. 

Me lembro de uma coordenadora pedagógica com quem trabalhei que dizia: "pra crianças, um lugarzinho pra dormir é essencial", pobres daquelas pra quem sempre dei aula às 7h da manhã e que como adolescentes, já não tinham mais cochilinho nenhum na maratona integral que enfrentavam; pobre de mim que nem um cochilinho pós almoço de 30 minutos tinha pra consolidar meu aprendizado naqueles dias produtivos de aula!


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